Artigo – Certificação de lâmpadas LED melhorou a qualidade dos produtos

05 set

Categoria: Técnico

Artigo – Certificação de lâmpadas LED melhorou a qualidade dos produtos

(*) Alfredo Bomilcar

 

A certificação de lâmpadas LED está valendo para todas as modalidades do comércio desde janeiro deste ano, mas será que realmente estamos tendo uma melhora, esperada por todos, dos produtos LED? Será que esta melhora está sendo sentida no mercado? O que aconteceu? Não teríamos que rever as regras e melhorar outras?

 

O consumidor já entendeu que as lâmpadas LED chegam a economizar até 80% quando comparadas com as tradicionais incandescentes/halógenas, ou até 25% comparadas com as compactas fluorescentes. Os produtos seguem padrões da certificação do INMETRO e são testados em laboratório acreditados para comprovar seu desempenho e segurança segundo padrões pré-definidos. Entretanto, muitas vezes desvios podem acontecer e se não forem tratados rapidamente podem causar muitos problemas ao consumidor depois de algum tempo, pois, assim como os produtos, suas regras também necessitam de evolução.

 

Por exemplo: novos produtos LED disponíveis no mercado produzem mais luz com menos potência, portanto são mais eficientes e por isso muitas vezes passam por novos processos e usam novas matérias-primas (chip de LED) que tem comportamento diferente, e se não for aplicada sobre estes novas regulamentações, ou não aproveitarmos todo seu potencial, abriremos as portas para produtos que tenham qualidade duvidosa no mercado.

 

Estes produtos já passam por testes e têm regulamentação diferenciada no mercado Europeu ou Americano, onde as regulamentações já estão na segunda ou terceira revisão, ao passo que nossa regulamentação ainda está sendo discutida e cai na burocracia dos órgãos governamentais.

 

Com certeza, a qualidade dos produtos LED proporciona uma economia ao consumidor e promete ganhos financeiros para justificar seu custo diferenciado. Mas, definitivamente, uma grande quantidade de produtos LED em nosso mercado definitivamente não cumpre o que promete, no que diz respeito a eficiência e vida, fazendo com que o consumidor deixe de acreditar naquilo que este produto representa no seu investimento.

 

E por que a vida ou eficiência das lâmpadas bulbo são menores daquelas que se afirma?

 

Existe uma “regra” em nosso mercado, e que muitos condenam, que é a de levar vantagem sempre. Isso resulta em uma “guerra de preços” e à oferta de produtos que muitas vezes não atendem às especificações, mas que passam em testes iniciais dos laboratórios.

 

Hoje, quando se escuta que a porcentagem de falhas dos produtos tem aumentado, mas apenas 3% são reclamados contra mais de 20% de produtos que realmente estão com defeito, um sinal de alerta acende, mostrando que precisamos de mudanças. Este alto nível de falhas pode ser atribuído a alguns grandes fatores que podem ser modificados sem ferir as regras atuais.

 

Já sabemos que nas lâmpadas LED seu desempenho e vida já não dependem somente da sua temperatura de operação, choques mecânicos e vibrações aos quais serão submetidas, variações de tensão na qual será operada, picos de tensão e possíveis problemas ocultos em sua fabricação, pois mecanismos e o seu desenvolvimento já tornaram este produto mais robusto para superar tais desafios, apesar deste conhecimento ainda estar sendo um grande aprendizado.

 

Além disso, muitas vezes atribuímos também e erroneamente suas falhas à quantidade de acende / apaga ao qual a lâmpada é submetida, relacionando este tipo de falha ao mesmo comportamento que tinham as lâmpadas incandescentes e compactas fluorescentes.

 

Então, para que tudo isso seja possível, devemos entender que uma lâmpada LED consiste em vários componentes por trás da fonte de luz LED. O desempenho da lâmpada LED como um todo depende da qualidade de seus componentes, e como todos estes componentes trabalham juntos, logo seu desenvolvimento pede novas regras e novos testes, que deveriam estar sendo realizados ou revistos para medir este progresso.

 

Normalmente, o LED, que é um semicondutor, não falha. Falhas na lâmpada LED tendem a começar por uma quebra de algum componente interno, particularmente devido ao gerenciamento térmico. Isso é visto onde a flutuação de tensão é alta ou baixa. Por isso, diodos controladores de tensão devem fazer parte do projeto do circuito eletrônico, evitando aumento de temperatura de operação do produto, ou aquecimento excessivo. Esta importância cresce nos produtos atuais, onde o dissipador de calor vem sendo substituído por dispositivos internos ao produto.

 

Neste sentido, testes de controle de temperatura ou caraterísticas de “estresse” deveriam estar sendo exigidos, para garantir este bom gerenciamento térmico dos produtos e não somente certificação do chip LED, pois estariam também garantindo um bom controle de temperatura da parte eletrônica que tem sua parcela significativa.

 

Ainda seguindo este pensamento, também os “drivers” (fontes) são fator essencial para o bom funcionamento e a vida dos produtos, e devem ter alta qualidade de projeto e de seus componentes, para assegurar funcionamento adequado e fornecimento da luminosidade prometida. Por exemplo, se os componentes usados no “driver” forem de baixa qualidade, a lâmpada LED com certeza terá vida limitada, e da mesma maneira se usarmos um projeto inadequado deste “driver”.

 

O resultado do uso de componentes inadequados ou de baixa qualidade tem relação com o calor gerado e com isso o gerenciamento do calor não será suficiente para fazer com que o chip trabalhe adequadamente, causando falha precoce ou depreciação da luz gerada. Esta também é uma das razões do “flicker” nas lâmpadas LED. Em tempo,”flicker” é o efeito observado quando a lâmpada parece que está piscando muito rapidamente.

 

É possível checar se os produtos são feitos com qualidade, observando alguns pontos:

– Lâmpadas LED que apresentam peso maior tendem a ter melhor dissipação térmica. Também têm custo maior.

– Produtos que apresentam muitos chips de LED tendem a ter custos menores mas também potência menor e não tanta luz, porque chips de LED maiores normalmente fornecem mais luz e são mais estáveis e menos sensíveis a variações de tensão. Entretanto, neste caso o gerenciamento térmico deve ser bem otimizado e o peso do produto pode ser um ponto de decisão.

– A cobertura que existe na parte onde sai a luz geralmente deve estar uniforme e difundir bem a luz, para que toda luz gerada seja bem aproveitada. Falhas nesta cobertura indicam baixa qualidade e são sinal de que o gerenciamento térmico é mal aplicado, assim como sua produção não teve o cuidado necessário.

 

Outro ponto que muitas vezes não é considerado, mas que tem peso na vida e no desempenho da lâmpada LED, é onde ela será aplicada. O lugar onde a lâmpada será usada pode influenciar e ser fator preponderante na vida e performance do produto. As lâmpadas LED não devem ser colocadas em lugares sem ventilação, a menos que seja indicada para este fim, pois se o calor não puder ser transferido pelo dissipador interno do produto, teremos queima prematura do produto. O ambiente onde será usada também tem influência, pois altas temperaturas externas podem causar depreciação no produto. Isso porque o LED deve operar sempre na temperatura indicada para não degradar na velocidade ao qual foi projetada. Novamente, o gerenciamento térmico é a chave para uma boa performance da lâmpada LED, seja ela interna ou externa.

 

O mais interessante é que muitas das coisas ditas até aqui são de conhecimento de muitos, mas pouco aplicadas nas mudanças solicitadas e discutidas com os fornecedores e produtores. Buscamos sempre reduções e aplicações de novas tecnologias, sem nos preocupar, por falta de conhecimento sólido, com alterações necessárias ao correto desempenho e performance do produto.

 

Atualizações nos regulamentos e nos procedimentos de avaliação da qualidade, além de maiores esclarecimentos aos consumidores, na velocidade da evolução desta tecnologia são e serão cada vez mais necessários, assim como mecanismos para que tudo isso aconteça devem ser implementados rapidamente. Isso causará um aumento natural do conhecimento sobre o produto e a tecnologia, assim como é feito nos outros mercados (europeu e norte-americano).

 

Hoje as normas internacionais da IEC, ANSI, e certificações como Energy Star e CE estão buscando cada vez mais se atualizar aos produtos, pelo menos a cada dois anos. Em um mercado onde ainda temos a mentalidade de trocar produtos de iluminação quando apagam, se faz necessário o envolvimento dos órgãos reguladores e profissionais de iluminação, para que possamos acompanhar outros órgãos reguladores no mundo, sob a pena de ter produtos diferentes, de tecnologia antiga, de má qualidade e caros para o consumidor atual.

 

Associações do setor vêm fazendo campanhas para divulgar, compartilhar conhecimento, boas práticas e principalmente sugerindo alterações e iniciativas de fiscalização para tornar este mercado e os produtos cada vez mais confiáveis e seguros.

 

Alfredo Bomilcar Filho é Engenheiro Eletricista, consultor de empresas e Colaborador Técnico da Abilumi.

 

SET/18

 

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