Riscos e eficácia da luz UVC

30 nov

Categoria: Webinar

Riscos e eficácia da luz UVC

 

(*) Rubens Rosado

 

Muito se tem falado a respeito de diversas técnicas para combate ao vírus Sars Cov-2, causador da COVID 19. Uma técnica que tem se destacado pela aparente simplicidade de aplicação são as varinhas, rodos, robôs, ventiladores, entre outros, que utilizam a luz UVC como sanitizante, garantindo que o usuário destes produtos estarão livres da contaminação pelo implacável vírus que tem ceifado milhares de vidas e sobrecarregado os sistemas de saúde em todo o planeta.

 

Com comprimentos de onda curtos e energia suficiente para alterar o DNA e o RNA dos vírus, o UVC age diretamente impedindo que estes se reproduzam. Ao contrário do que se pensa, esta tecnologia não é novidade, pois já é intensamente utilizada em salas cirúrgicas, metrôs, cabines de aviões.

 

Entretanto, com o pânico gerado pela pandemia, surgiram várias formas e possibilidades de aplicação, e é aí que surge o alerta da ciência, principalmente quando se refere ao uso destes equipamentos por pessoas não qualificadas e desprotegidas. Isto porque, não é de hoje que sabemos que a luz no espectro da ultravioleta pode causar danos irreversíveis para os olhos e para pele.

 

Como se trata de uma luz transparente ao olho humano, muitos podem avaliar que se trata de uma luz inofensiva. Outro argumento que se tem usado para defender estes produtos é o fato de que o sol é a maior fonte de UV captada pelo nosso planeta.

 

Não é bem assim. O sol realmente é a maior fonte de UV, mas existem 3 tipos de UVs, que se distinguem pelos seus comprimentos de onda no espectro eletromagnético, assim como pelos danos causados pela sua exposição. São eles: UVA, UVB e UVC. Destes, somente o UVA e o UVB atingem nosso planeta. A atmosfera filtra comprimentos de onda UV abaixo de 300 nanômetros, o que bloqueia o UV-C do sol antes que alcance a superfície da Terra. Não fosse assim, não existiria vida no nosso planeta, tal é a letalidade desta luz.

 

Outro aspecto a ser considerado é a eficácia destes dispositivos. Para inativar um patógeno é necessária uma determinada dose de UV, que é determinada pelo tempo de exposição e a intensidade da fonte de luz. Sendo assim, dispositivos que irradiam com maior intensidade, requerem tempos de exposição mais curtos, enquanto dispositivos de menor intensidade requerem tempos de exposição mais longos.

 

Outros aspectos, como rugosidade e porosidade dos materiais a serem sanitizados devem ser considerados, para que se possa determinar a dose necessária para desativar o patógeno. Como visto, não basta passar uma varinha de UV em uma superfície para que esta seja descontaminada.

 

No entanto, não devemos, por precaução, abolir o uso destes produtos. O UVC é sim um potente aliado no combate a elementos patógenos e, portanto, seu uso é recomendável. Mas, diante de interesses comerciais de algumas empresas, temos que ter algumas precauções em suas utilizações.

 

Quando utilizados por técnicos capacitados, os riscos podem chegar a zero. O problema surge quando pessoas mal orientadas adquirem tais produtos e os utilizam sem quaisquer cuidados. Um caso que merece destaque são as varinhas ou barrinhas de UVC que estão sendo vendidas até em camelôs no centro das cidades. Além de ineficientes, oferecem riscos aos que as utilizam.

 

Felizmente, a tecnologia na área de iluminação tem tido avanços surpreendentes e nesta área não está sendo diferente. Diante da necessidade de dar uma resposta ao mundo e mitigar os riscos e danos aqui apresentados, cientistas recentemente apresentaram estudos sobre o uso do Far UVc. Neste estudo verificaram que, em comprimentos de onda abaixo de 225 nanômetros, o UVc parece ser seguro para a exposição da pele em doses abaixo dos níveis de exposição recomendados. O estudo ainda carece de resultados sobre os danos que este comprimento de onda pode causar aos olhos, mas já é um grande avanço.

 

De qualquer forma, o ideal seria que todo produto que coloca em risco o usuário fosse certificado por um organismo competente, no nosso caso a Anvisa. Isto certamente diminuiria em muito os riscos aos usuários e seria uma importante ferramenta no combate à venda de produtos nocivos ao usuário.

 

Enquanto isto não acontece, fica o alerta para que o consumidor leigo não exponha a pele do corpo e os olhos a esta luz nociva, mesmo àquelas instaladas em portais de lojas, supermercados ou shoppings, destinados a desinfetar as pessoas que entram em espaços internos que aparentemente são inofensivos, pela sua baixa exposição, mas que são potencialmente perigosos. Caso contrário, estarão se expondo ao risco de desenvolver uma cegueira ou até mesmo um câncer de pele, extremamente indesejáveis.

 

Rubens Rosado é engenheiro elétrico e Assessor Técnico da Abilumi.

 

Novembro/20

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